2008/11/16

Educação a Distância
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Educação a distância

A autonomia do aluno

A autonomia do aluno é a medida pela qual, na relação ensino/aprendizagem, é o aluno e não o professor quem determina os objectivos, as experiências de aprendizagem e as decisões de avaliação do programa de aprendizagem. Foi criada uma descrição de um aluno ideal totalmente autónomo (cujas características devidas ao sexo foram descritas de uma maneira que seria evitada se a descrição fosse escrita hoje). Este ideal era o de uma pessoa emocionalmente independente de um instrutor, uma pessoa que nas palavras do psicólogo da educação Robert Boyd, "pode abordar assuntos directamente sem ter um adulto participando de um conjunto de papéis de mediação entre o aluno e a matéria" (Boyd 1966). De acordo com Malcolm Knowles, tal comportamento autónomo deveria ser natural para o adulto que, sendo adulto, tem seu próprio conceito de independência. No entanto, esta afirmação sobre a autonomia do aluno não implicava que todos os adultos estivessem preparados para uma aprendizagem completamente independente. Ao contrário, como afirmava Knowles, como os alunos são treinados para serem dependentes do sistema escolar, "os adultos via de regra não estão preparados para uma aprendizagem independente; precisam atravessar um processo de reorientação para aprenderem como adultos" (Knowles 1970). Considerando-se que apenas uma minoria dos adultos consegue agir como alunos inteiramente autónomos, a obrigação dos professores é ajudá-los a adquirir estas habilidades.
Na Educação a Distância podem ser examinados para se verificar em que medida o professor ou o aluno controla os principais processos de ensino-aprendizagem, e podem então ser classificados de acordo com o grau de autonomia do aluno permitida por cada programa. Quando o exame era aplicado a uma amostra de programas gerados por estudo indutivo, o qual fornecia os dados para a teoria da Distância Transaccional, uma relação foi hipoteticamente construída entre a distância transaccional de um lado e a autonomia do aluno do outro. Alunos que possuíam competências avançadas como alunos autónomos aparentavam se sentir bastante confortáveis em programas com menos diálogo com pouca estrutura; alunos mais dependentes preferiam programas com mais diálogo; alguns queriam um grande volume de estrutura, enquanto outros preferiam se basear na estrutura informal fornecida por uma relação próxima com um instrutor.

Comunicação


É evidente que a natureza de cada meio de comunicação tem um impacto directo sobre a extensão e a qualidade do diálogo entre instrutores e alunos. Por exemplo, um programa educacional no qual a comunicação entre professor e aluno se dá única e unidireccionalmente pela televisão, não terá nenhum diálogo professor-aluno simplesmente porque este meio não permite o envio de mensagens dos alunos de volta ao professor. Os alunos via de regra respondem interiormente ao que é transmitido pelo meio unidireccional, mas não conseguem responder individualmente ao professor. Em comparação, um aluno por correspondência via correio consegue ter uma interacção bidirecional e, portanto, diálogo com o professor, embora o meio retarde a interacção. O diálogo é menos espontâneo, mas talvez mais ponderado e reflexivo que um curso semelhante ministrado numa sala de aulas ou numa conferência mediada por computador. Parece óbvio que esta natureza interactiva do meio de comunicação é um factor determinante do diálogo no ambiente de ensino-aprendizagem. Manipulando-se os meios de comunicação é possível ampliar o diálogo entre alunos e seus professores e assim reduzir a distância transaccional.
Vale a pena observar, no entanto, que, como já sugerido acima, uma forma de diálogo entre professor e aluno acontece mesmo em programas que não possuem qualquer interacção, tal como quando o aluno estuda através de vídeo. Mesmo neste meio há alguma forma de diálogo aluno-instrutor, pois o aluno desenvolve uma interacção silenciosa e interior com a pessoa que, distante no tempo e no espaço, organizou um conjunto de ideais ou informações para transmissão, dentro daquilo que poderia ser considerado como um "diálogo virtual" com um leitor, espectador ou ouvinte distante e desconhecido. Por outro lado, meios que utilizam computadores pessoais, permite um diálogo mais intenso, pessoal, individual e dinâmico do que aquele obtido através de um meio gravado. Programas que usam tais meios têm, por isso, maior probabilidade de transpor a distância transaccional de maneira mais eficaz do que programas que usam meios gravados.
O diálogo também é influenciado pela personalidade do professor, pela personalidade do aluno e pelo conteúdo. Não se pode dizer com certeza que qualquer meio, não importa tão ser interactivo potencial, proporcionará um programa altamente dialéctico, uma vez que ele será controlado por professores que podem, por boas ou más razões, decidir não aproveitar sua interactividade, e uma vez que será usado por alunos que podem ou não desejar entrar em diálogo com seus professores. Finalmente, a experiência sugere que a extensão do diálogo entre professores e alunos em algumas áreas de conteúdo e em alguns níveis académicos é maior que em outras em que meios semelhantes são usados. No entanto, qualquer que seja a dinâmica de cada transacção de ensino-aprendizagem, um dos factores determinantes para o nível de redução da distância transaccional é a possibilidade de diálogo entre alunos e instrutores, bem como a extensão em que ele se dá.

Distância Transaccional

No processo ensino-aprendizagem o conceito da "distância" - ou do seu inverso "proximidade" - pode ser mais útil, se concebido em termos de suas variáveis psicológicas e pedagógicas do que sob os factores geográficos e tecnológicos que dominam a maior parte das discussões.
A primeira tentativa em língua inglesa de definição e articulação de uma teoria da Educação a Distância surgiu em 1972. Mais tarde foi denominada de "teoria da distância transaccional". Nesta primeira teoria afirmava-se que Educação a Distância não é uma simples separação geográfica entre alunos e professores, mas sim, e mais importante, um conceito pedagógico. É um conceito que descreve o universo de relações professor-aluno que se dão quando alunos e instrutores estão separados no espaço e/ou no tempo. Este universo de relações pode ser ordenado segundo uma tipologia construída em torno dos componentes mais elementares deste campo - a saber, a estrutura dos programas educacionais, a interacção entre alunos e professores, e a natureza e o grau de autonomia do aluno.
O conceito de transacção tem origem em Dewey (Dewey e Bentley 1949). Conforme exposto por Boyd e Apps (1980:5), ele "denota a interacção entre o ambiente, os indivíduos e os padrões de comportamento numa dada situação". A transacção a que denominamos Educação a Distância ocorre entre professores e alunos num ambiente que possui como característica especial a separação entre alunos e professores. Esta separação conduz a padrões especiais de comportamento de alunos e professores. A separação entre alunos e professores afecta profundamente tanto o ensino quanto a aprendizagem. Com a separação surge um espaço psicológico e comunicacional a ser transposto, um espaço de potenciais mal-entendidos entre as intervenções do instrutor e as do aluno. Este espaço psicológico e comunicacional é a distância transaccional.
Espaços psicológicos e comunicacionais entre um aluno qualquer e seu instrutor nunca são exactamente os mesmos. Em outras palavras, a distância transaccional é uma variável contínua e não discreta, um termo relativo e não absoluto. Vista desta forma, a Educação a Distância é um subconjunto do universo da educação, e educadores a distância podem utilizar e contribuir para a teoria e a prática da educação convencional. Contudo, na situação à qual normalmente nos referimos como educação a distância, a separação entre professor e aluno é suficientemente significativa para que as estratégias e técnicas especiais de ensino-aprendizagem por eles utilizadas possam ser identificadas como características distintivas desta linhagem de prática educacional.
Muito embora haja padrões claramente reconhecíveis, há também enorme variação nestas estratégias e técnicas, e no comportamento de professores e alunos. Esta é uma outra maneira de dizer que dentro da família de programas de Educação a Distância há graus bem distintos de distância transaccional. A distância transaccional é uma variável relativa. A grande questão é a propósito da teoria da Educação a Distância resumir as diferentes relações e a intensidade destas relações entre duas ou mais das variáveis que compõem a distância transaccional, especialmente o comportamento de professores e alunos. (Deve-se destacar que há outras variáveis no ambiente, nos indivíduos e nos padrões de comportamento, além daquelas relacionadas ao ensino e à aprendizagem. Isto significa que há espaço para mais de uma teoria. Há necessidade de uma teoria da administração da educação a distância, uma teoria da história da educação a distância, uma teoria da motivação do aluno a distância e assim por diante. O exemplo da motivação do aluno a distância também indica que algumas teorias, como a teoria da distância transaccional, são mais globais que outras, e que há espaço para teorias mais focadas, mais moleculares, dentro do quadro oferecido por uma teoria mais molar.)
Os procedimentos especiais de ensino dividem-se em dois grupos, além de um terceiro grupo de variáveis que descreve o comportamento dos alunos. A extensão da distância transaccional em um programa educacional é função destes três grupos de variáveis. Estas não são variáveis tecnológicas ou comunicacionais, mas sim variáveis em ensino e aprendizagem, e na interacção entre ensino e aprendizagem. Estes grupos de variáveis são denominados Diálogo, Estrutura e Autonomia do Aluno.